quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Inconstância




Você se afasta desenfreadamente dirigindo sem olhar pra trás. Sua percepção inigualável te fez parar sem bater na porta. A inconstância do que somos te assusta e te fere a alma, como um tombo que faz sangrar as feridas profundas que já haviam cicatrizado.

Sou seu tombo. Seu tropeço. Seu começo, meio sem fim.

Você foge de mim e da minha loucura de sentir demais. Você corre do meu sentimento exagerado, você deixa minhas lágrimas molharem o chão, você quer nadar no meu rio interno e se deliciar ouvindo o som da minha gargalhada. Mas você não quer estar aqui.

Você vai embora simplesmente porque ficar seria insuportável demais. Incompleta incerteza.

Você foge porque ficar seria desconexo demais. Seria terrível demais. Seria perigoso demais conviver com minha loucura interna de amar.

Prefere ir embora. Voar com minhas borboletas estomacais para um continente inatingível. Prefere me trancar em uma sala clara enquanto choro e rio em questão de segundos. Minha inconstância te fere, te machuca, te assusta, te confunde todo.

Os sentimentos são passageiros. Vivemos a modernidade caótica do amor insensato, imaturo, inconstante. Eu sou uma exceção.

E nosso amor quieto, calado e tranquilo parece ser errado demais para o que sou. Para o que somos, ou para o deveríamos ser.

Você vai embora porque agora não tô pra você. Não tô pra ninguém. Não tô pra conversa, nem pro amor.  Mas você sabe, que depois, mais tarde ou amanhã talvez, eu estarei aqui, esperando por você. Exatamente como antes. Exatamente como deveria ser.

Exatamente como não sou. 

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